A ideologia de gênero é o desenvolvimento mais recente do marxismo revolucionário.
No Manifesto do Partido Comunista de 1848, Karl Marx apresentou o comunismo como um movimento revolucionário cujo objetivo era a eliminação da propriedade privada capitalista, o principal mal da sociedade contemporânea:
"O que distingue o comunismo não é a supressão da propriedade privada em geral, mas a supressão da propriedade privada burguesa (industrial).
Neste sentido, os comunistas podem resumir suas teorias nesta única expressão: supressão da propriedade privada.
Não precisamos suprimir a propriedade dos camponeses, o desenvolvimento da indústria já a suprimiu.
A propriedade privada já está abolida para nove décimos da sociedade. Os comunistas são criticados porque pretendem suprimir a propriedade privada do outro décimo.
Efetivamente, é isso o que pretendemos". [Marx, Manifesto Comunista]
Para abolir a propriedade privada, Marx pregou a revolução operária, que tomaria a propriedade privada dos empresários capitalistas e estabeleceria a sociedade comunista.
Mas, próximo do fim de sua vida, Marx aprofundou estas ideias em um livro que não chegou a terminar e que foi publicado postumamente através de seu amigo Engels.
O livro chamava-se "A origem da família, da propriedade privada e do Estado".
Neste livro Marx chegou à conclusão de que no início da história, quando os homens eram apenas caçadores, não existia a instituição familiar na sociedade.
Na sociedade primitiva, segundo Marx, todos os homens tinham relações sexuais com todas as mulheres e, quando as crianças nasciam, elas somente sabiam quem eram as suas mães, mas não quem eram os seus pais.
Mais tarde, quando a humanidade aprendeu a cultivar os campos e começou a acumular grãos nos celeiros, iniciou-se a acumulação da riqueza e os homens não podiam mais tolerar a ignorância de quem seriam os seus herdeiros. Os novos proprietários queriam saber a quem deveriam passar suas riquezas, ou então não haveria sentido em acumulá-las. Decidiram então escravizar as mulheres através da família, obrigando-as a não terem relações sexuais com outros homens, através do que poderiam ter certeza sobre quem seriam seus herdeiros. Segundo Marx, portanto, a família, que seria contrária à natureza humana e produto de alienação, seria também a condição indispensável para o surgimento da propriedade privada e, mais tarde, da industrial.
Assim, pouco valeria uma revolução operária que redistribuísse a renda e abolisse a propriedade privada à força, se a instituição familiar continuasse a existir, porque o principal estímulo para a acumulação da riqueza em grande quantidade continuaria a existir. A verdadeira revolução, portanto, não seria a operária, com a destruição da propriedade privada, mas outra bem diferente, que tivesse como objetivo a destruição da instituição familiar na sociedade, não apenas a heterossexual, mas também a homossexual, a lésbica ou de qualquer outro tipo. Assim, segundo Marx, se destruíssemos a família, consolidaríamos para sempre os resultados da revolução operária. Talvez até mesmo a revolução operária não seria mais necessária.
Marx não tinha razão em dizer que a família somente surgiu quando começou a existir a acumulação de riqueza e que ela é produto da escravização da mulher. Os homens não se casam porque querem escravizar as mulheres para poder acumular riqueza, mas porque encontram uma companheira com quem desejam dividir suas vidas. É o impulso natural de todos as pessoas normais, que inclusive é partilhado por algumas outras espécies animais que não acumulam riquezas. O resto pode ser um discurso inteligente, mas não passa de argumentação que parte de pressupostos ideológicos que o próprio Marx não quis ou não pode apresentar.
Marx, porém, morreu antes que pudesse terminar o livro e explicar ao mundo como executar uma revolução que tivesse por objetivo a abolição da família na sociedade.
O caminho foi descoberto, pela primeira vez, pelos socialistas suecos. O método era através do sistema escolar. Orientados pelo casal de prêmios nobel Gunnar e Alva Myrdal, o governo sueco iniciou em 1938 uma revolução educacional que, mais tarde, primeiro através das conferências da UNESCO, e hoje pela ONU e pelos partidos de esquerda, está sendo exportado, para todos os países do mundo.
A ideia dos socialistas suecos consistiu em aliviar os pais do dever de educar seus filhos em casa. A carga horária das escolas foi aumentada para período integral, as crianças passaram a ser admitidas nas escolas cada vez mais cedo obrigatoriamente, já no seu primeiro ano de idade. A educação sexual se tornou obrigatória, sem direito à objeção de consciência dos pais, e as crianças passaram a ser educadas de modo a entenderem que as diferenças entre homens e mulheres são apenas convenções sociais, o que na prática significa ensiná-las a serem bissexuais. Implantou-se aos poucos a ideia que na Suécia na verdade existe uma única família na Suécia, que é o proprio país, por quem todos são educados. A ideologia de gênero, aperfeiçoada posteriormente a partir dos anos 90 e agora tentando implantar-se nas escolas, segundo a qual as diferenças entre homens e mulheres não são biológicas, mas construções teóricas impostas pela sociedade, e que, portanto, não existe fundamento para a família tradicional com base na união do homem e da mulher, é o último avanço teórico desta nova revolução.
Para se ter uma ideia do que aconteceu na Suécia e irá acontecer no Brasil, vale a pena ler algumas passagens de uma entrevista recentemente concedida ao Portal ZENIT por Johan Lundell, Secretário Geral do grupo pró-vida sueco "Ja till Livet":
"Para muitos estrangeiros, a imagem popular da Suécia é a de uma sociedade justa, ordenada e harmoniosa - o modelo exemplar de um estado no qual o bem-estar existe.
Costuma-se dizer, há muito tempo, que se não é possível construir um mundo socialista na Suécia, então não é possível em nenhum outro lugar", disse Lundell.
"É por este motivo que alguns têm tentando torná-la um paraíso socialista.
Contudo, diferentemente da Itália ou da Grécia, na Suécia não se trata do socialismo econômico, mas, ao invés disso, do socialismo das famílias".
"Uma diferença marcante entre a minha geração e a anterior, é que a maioria de nós não foi educada por nossos pais de modo algum.
Fomos educados pelas autoridades em creches estatais durante nossa infância; depois, assimilados pelas escolas públicas, pelos colégios públicos e pelas universidades públicas; e depois pelo emprego no setor público e por mais educação através dos poderosos sindicatos e de suas associações educacionais.
O Estado é onipresente e é, para muitos, o único meio de sobrevivência - e seus benefícios sociais o único meio possível de se ter independência".
"Os suecos já não se importam mais em tentar argumentar que o homossexualismo é genético - um argumento comum usado pelos promotores da agenda homossexual - uma vez que o movimento é tão amplamente aceito, que não necessita mais deste argumento para se apoiar".
"Nos livros de educação sexual, eles não falam sobre alguém ser hetero ou homossexual - não existem tais coisas porque para eles, todos são bissexuais; é apenas uma questão de escolha", disse ele.
Lundell citou uma cartilha destinada às crianças publicada por associações gays e impressa com o auxílio financeiro do Estado.
"Eles escrevem de forma positiva sobre todos os tipos de sexualidade, todo o tipo, até mesmo os atos sexuais mais depravados, e esta cartilha entra em todas as escolas", explicou.
Alguns pais têm feito queixas formais denunciando como um conhecimento sexual muito explícito para uma sala de aula e rotulando as lições como "vulgares" e "avançadas demais". Porém, a maioria se conforma com o curriculum, enquanto a opção de educação em casa é quase proibida.
Essa engenharia social tem tido consequências funestas.
Poucos países europeus têm testemunhado um declínio tão rápido da instituição do casamento, nem um aumento tão exorbitante no número de abortos.
Durante a década de 1950 e a primeira metade de 1960, a taxa de casamentos na Suécia esteve historicamente em seu pico. De repente, ela começou a cair tão bruscamente, que testemunhou uma diminuição de cerca de 50% em menos de 10 anos.
Nenhum outro país experimentou uma mudança tão rápida. Entre 2000 e 2010, quando o resto da Europa estava dando sinais de redução das taxas de aborto anuais, o governo sueco divulgou que a taxa havia aumentado de 30.980 para37.693. A proporção de abortos repetitivos aumentou de 38,1% para 40,4% - o maior nível de todos os tempos".
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